A história do manual – Parte 2

[ Por Bruno Melo, em 20/05/2013 | Destaque, Diário da Maria, Slide ]

[Se você chegou aqui direto, leia antes a primeira parte dessa história]

Como ia dizendo, a ideia era morar sozinho. Mas o destino resolveu me pregar uma peça de quatro patas. Ou melhor, três e meia.

Em fevereiro de 2011 começou a instalação dos móveis no meu apê novo. Quem já passou por isso sabe que é uma ótima ideia acompanhar os montadores o tempo todo, para impedir que montem uma porta de armário do lado errado ou que resolvam usar a furadeira na parede que passa o cano do chuveiro. True story…

Num determinado momento, resolvi tomar um ar na varanda pra respirar alguma coisa além de serragem e cheiro de cola, e aí aconteceu:

imagine

Oi, eu não sou música do Exaltassamba, mas
também vou mudar a sua vida da noite pro dia!

Olhei para a rua, e no meio de algumas latas de lixo eu vi um rabo se mexendo! Achei que era só um vira-lata fazendo jus ao nome e não dei muita bola pro assunto, até porque tinha que voltar pro mundo da serragem-cola-serrote-furadeira antes que algum outro dilúvio acontecesse.

Ao final do dia, quando os terroristas montadores dos móveis foram embora, relembrei do fato e voltei pra varanda para dar uma olhada. E o rabo ainda estava lá, paradinho… Como sempre, o sangue de cachorreiro falou mais alto e resolvi ir conferir a situação de perto. Chegando na rua, tirei uma das latas da frente e lá estava a dona do rabo, deitadinha, sem mexer nada do corpo além dos olhos mais pidões do mundo.

Na época a experiência já me dizia que cachorro muito quieto ou é desconfiado demais ou está machucado. Como em ambos os casos ele tende a ficar violento se acuado, peguei leve. Sentei no chão e perguntei “Oi, tudo bem?”

Diante do rabinho balançando depois da pergunta, aproximei um pouco a mão, e notei que ela estava com vontade de chegar perto, mas tinha dificuldades para levantar. Sempre com muito cuidado, coloquei a mão por baixo do seu tórax e abdômen, e a ajudei a ficar em pé. Quando tirei a mão, ela deu um ganido, abriu as patas traseiras e desabou novamente no chão.

imagine

Agora deu pra entender
as três patas e meia?

2,73 segundos depois ela já estava dentro do meu carro, indo para o seu primeiro passeio ao veterinário. Chegando lá, a recepcionista resolveu fazer o cadastro antes do antedimento. [ela] Macho ou fêmea? [eu] Não sei, peraí. (levanta o rabo) Fêmea! [ela] Qual o nome? [eu] Sei lá, acabei de recolher na rua. [ela] Preciso de um nome pra colocar na ficha. [eu] É? Hum… Coloca Maria então, depois eu mudo.

Depois de consulta, injeção, cirurgia, marreta, serrote, silver tape, chave de fenda, parafuso, pinos, pontos e etc, ela foi pra gaiolinha pra recuperação. E eu estava lá quando ela acordou pra nossa 1ª foto:

imagine

Ela estava bem mais magrinha.
Eu também.

Se até então a ideia era só “consertar” ela e logo achar um dono – assim como todos os outros que eu falei na parte 1 – esse plano foi por água abaixo na primeira lambida. Dela, claro.

Maria remendada e devidamente adotada, me vi um pai solteiro e sem a muita noção de como criar uma filha peluda. Como não queria que ela se tornasse um monstrinho (oi, Nina…) que transformasse a nossa vida num inferno, resolvi estudar muito sobre comportamento canino, para criar ela da maneira correta, caninamente falando.

Aparentemente deu certo, porque a Maria se tornou a cadela mais dócil, inteligente e obediente que eu conheço. Juro, não é corujice O seu comportamento começou a chamar tanta atenção positivamente que alguns amigos começaram a pedir minha ajuda com seus cachorros problemáticos. Comecei a notar que na maioria das vezes a solução do problema era muito simples, só faltava um pouco de conhecimento e as atitudes certas dos donos.

E foi assim que surgiu a ideia do Manual do Cão. Um lugar em que eu possa compartilhar todo o conhecimento que fui adquirindo ao longo do tempo, e ajudar o maior número de donos desesperados possíveis.

Sejam bem-vindos. Sejam líderes.

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